São Paulo – “Estou seguro que ele não é um delinquente. Ele representa uma categoria de opositores a essa nova era Evo Morales e tem o direito de falar.” A frase do diretor italiano Ferdinando Orgnani expressa claramente sua opinião sobre o senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado no Brasil desde 25 de agosto, quando fugiu da embaixada brasileira em La Paz com a ajuda de diplomatas.
No último sábado (19), Molina foi hostilizado em um debate após a exibição do documentário “Um minuto de silêncio”, dirigido por Orgnani, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme faz um retrato das transformações que ocorreram na Bolívia desde a ascensão do presidente Evo Morales, em 2006.
O senador foi convidado para participar de uma discussão após a sessão, mas assim que começou a falar, alguns espectadores começaram a gritar contra a sua presença. “Eram dois argentinos, e um deles levantou a voz e saiu. A minha impressão sobre o senador é que ele se meteu contra o governo e o tiraram. Sua história é igual a muitas outras, onde alguém é acusado de corrupção por adotar posições contra o governo”, conta o diretor.
O documentário recebeu algumas críticas de pessoas que gostariam de ver mais opiniões favoráveis a Morales, mas o italiano diz que fez um trabalho equilibrado, procurando dar sentido a diversos fragmentos de uma sociedade bastante dividida. “Nesse tipo de trabalho é inevitável não encontrar alguém que te agrida. Mas se um documentário não suscita polêmica, não tem o contraditório, é melhor não fazê-lo”, afirma.
Segundo Orgnani, o objetivo era estabelecer um contraste entre o velho poder, simbolizado pelo ex-presidente Sánchez de Lozada, e a experiência socialista liderada por um indígena, algo que para ele era “belíssimo e muito promissor”. “Depois notamos como as coisas não andaram como se esperava. Mas eu não tomo posições nos meus documentários. Meus filmes mostram perguntas, e não respostas”, completa. (Ansa Brasil)
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